É comum me perguntarem o motivo de eu ter escolhido tal profissão. Tem momentos em que fico em dúvida mesmo, como dias atrás, ao ver a agenda que me caiu na mão. O “mala” do meu chefe só podia estar de brincadeira! O que um jornalista investigativo, como eu, que já desvendou crimes famosos, teria a ver com a ocorrência de uma briga seguida de morte, nos bastidores de uma trupe de teatro de marionetes?
Confesso que fui me arrastando para o local. Mas não é que aquele caso me rendeu uma reportagem incrível? O teatro era comandado por um casal de dançarinos ciganos que rodava o Brasil em seu motorhome, parando de cidade em cidade. Durante o dia, marionetes para as crianças; à noite, Dança Mexicana do Chapéu para os adultos.
Nas minhas investigações, descobri que essa dança, típica do México, conta uma história de amor entre um homem e uma mulher dançando em uma festa. Na encenação, ele joga o chapéu e ela rodopia, o pega e coloca na cabeça como sinal de aceite de seu amor. O crime se deu assim que terminou a dança, com a morte do dançarino.
Reconstruindo a cena, meu infalível espírito investigativo apontou para o chapéu como o pivô do crime – e não é que acertei? Encontrei um chumaço de cabelos loiros no chapéu que o dançarino jogou. A dançarina era morena... crime passional.
Por que escolhi minha profissão? A resposta é simples: vivo uma surpresa a cada dia! Às vezes, a cada chapéu.
Rescate sensacional de la Danza del Sombrero, con ese sorprendente cuento. Viva la escritora! GP